Défice externo Português e a competitividade nacional

"No ano passado Portugal teve de obter cerca de 17,6 mil milhões de euros de financiamento externo, fundamentalmente via endividamento e investimento directo estrangeiro, um valor que representa 10,6% da riqueza total gerada na economia. Este valor, revelado pelo INE, ultrapassa as últimas previsões quer do Banco de Portugal, quer do Governo que apontavam para um défice externo em torno dos 9%.

O elevado défice externo é dos sinais mais preocupantes da fragilidade estrutural e competitiva da economia portuguesa, o qual é agudizado pela actual crise que está ditar custos crescentes de financiamento e de acesso ao mercados internacionais. "

Este é um excerto de uma notícia publicada hoje pelo Jornal de Negócios. Mas a análise tem de ser mais aprofundada para retirarmos conclusões. Analisando os dados fornecidos directamente pelo INE, descobrimos que em 2008, as exportações nacionais aumentaram 1,0% face a 2007 mas as importações aumentaram 7,2%. De realçar que as exportações portuguesas cairam 14,3% igualmente em Novembro e Dezembro (face a igual período homólogo), mas as importações desceram 10,7% e 9,4%, respectivamente nos dois últimos meses do ano. Ou seja, em Portugal o desequilíbrio entre importações e exportações tende-se a agravar e não se avizinham perspectivas de melhoria do défice externo. Portugal importou em 2008 cerca de 61 mil milhões de euros, mas exportou (apenas) 37,9 mil milhões de euros.

Resumindo, consumimos mais do que aquilo que produzimos. As necessidades de consumo nacionais continuam a crescer acima da nossa capacidade produtiva. Sem um tecido empresarial forte, sem boas práticas de gestão dissiminadas por entre todas as empresas nacionais, sem a preocupação efectiva dos empresários nacionais em contornar esta questão, dificilmente iremos conseguir contornar a actual conjuntura. Este é um problema estrutural que deve ser estudado, entendido e assimilado como problema a resolver. Em Portugal, as empresas têm de estar orientadas para o cliente, para a inovação, para a internacionalização. No fundo, têm de estar orientadas para o mercado, para o marketing, mas isso ainda não acontece. Para a grande maioria das empresas nacionais, o marketing cinge-se apenas à dimensão acção, e as dimensões análise e cultural, são praticamente colocadas de parte.

Fonte: Jornal de Negócios, Instituto Nacional de Estatística (INE)

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