Get focus on value creation! Como manter a competitividade numa rede global?

Ao longo dos últimos posts neste blog, temos descoberto que as empresas necessitam cada vez mais de colaborar e de se abrirem ao exterior, em busca de novas vantagens competitivas, em buscas de novos conhecimentos, em busca da criação de valor. Outrora, uma empresa global como a BMW, conhecida empresa do ramo automóvel, concentrava-se em todas as actividades da sua cadeia de valor: desde o design à montagem final do automóvel, passando pelo marketing e pelo supply chain management.

Mas nos dias de hoje, empresas como a BMW ou a Boeing são apenas praticamente responsáveis pelo marketing e pela integração das suas redes de fornecedores. Se antigamente estas empresas desenhavam o produto e encomendavam exactamente as peças que queriam, actualmente, os produtos são desenhados conjuntamente com os fornecedores, e os próprios fornecedores são livres de inovarem e de conceberem as peças que julgam poder alcançar a melhor performance. Isto porque estas empresas, aperceberam-se que os seus fornecedores devem ser tratados como parceiros do negócio e não como subcontratados. Ao partilharem o risco e a responsabilidade entre si, consegue-se uma cultura de motivação e responsabilização que antes não se conseguia: os produtos agora têm melhor performance, e a montagem final do equipamento, consegue ser muito inferior, como no caso do Boeing 787 Dreamliner, que passou a ser de apenas 3 dias quando antes eram necessárias várias semanas.

Como é que uma empresa hoje em dia pode e deve tirar partido das novas tendências da colaboração global?
  1. Concentração nos principais impulsionadores de valor - as empresas devem apenas concentrar-se naquilo que os seus clientes mais valorizam e entregar tudo o resto aos seus parceiros
  2. Acrescentar valor através da orquestração - cada vez mais é necessário saber trabalhar em rede e em ambientes multiculturais; o conhecimento está hoje disperso por todo o mundo, para as empresas serem competitivas, devem saber tirar o máximo partido das suas relações, movimentando todos os seus stakeholders em torno dos seus objectivos
  3. Incentivar processos de concepção rápidos e interactivos - a descentralização dos processos de I&D pode resultar num maior compromisso entre parceiros de negócio: o risco é assumido inteiramente pelo parceiro, mas por outro lado o retorno também será maior; na maior parte dos casos, o produto é colocado mais rapidamente no mercado e com uma melhor performance técnica
  4. Aproveitar arquitecturas modulares - os produtos devem cada vez mais ser concebidos modularmente; desta forma as empresas conseguirão explorar o capital de conhecimento latente que existe na sua rede de fornecedores e parceiros
  5. Criar um ecossistema transparente e igualitário - as empresas devem entender um fornecedor enquanto parceiro, e conferir-lhe direitos na concepção do produto assim como permitir a troca de informação a todos os níveis; as actividades não devem ser secretas, e os direitos da Propriedade Intelectual devem permanecer com o parceiro de negócio
  6. Partilhar os custos e os riscos - distribuir o risco também distribui os custos da concepção de um produto. Esta visão de comunidade, acaba por também garantir a partilha dos retornos por todos, o que confere uma maior motivação de todas as partes em torno do projecto.
  7. Observar atentamente o futuro - os próprios parceiros do negócio passarão a estar atentos às novas tendências do mercado, de forma a manterem os seus módulos o mais competitivos possíveis. Imagina a grande vantagem que é passar de apenas uma empresa atenta ao futuro, para uma rede de muitas vezes de mais de um milhar de empresas a procurar a próxima grande vantagem competitiva?

Bibliografia:
Tapscott, Don, Williams, Anthony D., Wikinomics - how mass collaboration changes everything, Portfolio, 2006

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