Nós e os outros - a Demografia (parte 1)

A comunicação social inunda todos os dias os jornais, rádios, televisões e a internet com notícias sobre os problemas da competitividade da economia Portuguesa. Muitas delas carecem de uma análise comparativa cuidada e esse é o propósito desta nova séries de artigos que irão sair neste blogue. Iremos analisar alguns indicadores da economia portuguesa, e vamos compara-los com outros países, mais ou menos desenvolvidos, para percebermos como podemos melhorar a nossa competitividade estratégica. Todos os dados foram reunidos a partir de informação estatística disponibilizada pelo Banco Mundial.

Vamos começar a nossa análise por alguns aspectos demográficos. Mas antes disso, importa dizer que para esta análise comparativa foram escolhidos apenas alguns países pertencentes à OCDE, por uma razão de conveniência no tratamento da informação estatística (tipicamente os países da OCDE possuem dados mais transparentes, fiáveis e um maior número de indicadores disponíveis ao público).Comecemos por um aspecto muito particular: a riqueza de cada país. E vamos utilizar o indicador PIB per capita (por habitante), medido em Paridades de Poder de Compra (PPC).Dos 14 países analisados, Portugal é o que possui menor rendimento per capita, cingindo-se a cerca de 22 mil dólares por habitante, enquanto que o líder desta análise, a Holanda, ultrapassa os 36 mil dólares por habitante. De destacar o facto de a República Checa estar à frente de Portugal, uma vez que este país apenas entrou na União Europeia em 2004.

Muitos poderão dizer que o facto de Portugal ser um pequeno país contribui em muito para ser um país menos rico. No entanto, Portugal em termos de dimensões é um país bem superior a Israel, Bélgica, República Checa e até aos líder da tabela de rendimento por habitante: a Holanda e a Irlanda.
Por outro lado, outros poderão dizer que as dimensões de um país não são medidas pela sua área geográfica, mas sim pela sua população. E nesse capítulo, Portugal mantém-se à frente de países como a República Checa, Israel ou Irlanda, todos países que possuem maior rendimento por habitante que Portugal. É do conhecimento comum que o nosso país não se pode comparar em dimensões a grandes países como a Alemanha ou a França, mas é notário destacar o tamanho do nosso mercado interno, que é bastante superior a países muito mais desenvolvidos como a Suécia e a Dinamarca.Então porque não criamos mais riqueza? Bem, neste artigo apenas iremos analisar algumas variáveis demográficas, e as conclusões ficarão apenas para daqui a algumas semanas. Mas nesta análise comparativa, o objectivo é comparar-nos face a outras economias, e perceber porque não conseguimos convergir de forma mais acelerada.

Uma última variável antes de finalizarmos o capítulo demográfico no próximo artigo: a taxa de urbanização.
Portugal, dos 14 países analisados, é aquele que possui a menor taxa de urbanização. 60% da população portuguesa vive em cidades, enquanto o líder do rendimento por habitante (a Holanda), mais de 80% da população vive em cidades. Cada vez mais têm-se desenvolvido estudos que mostram que a capacidade de gerar riqueza é superior (em média!) nas cidades. A taxa de urbanização pode ser uma medida importante no sentido de conduzir melhores políticas públicas que promovam as cidades como pólo de competição e inovação, daí que esta variável deva ser estudada mais numa vertente qualitativa que quantitativa. Mas é possível imaginar que a intensidade competitiva é superior nas cidades, assim como o potencial de criatividade e inovação.

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