Nós e os outros - a Educação (parte 3)

Portugal é já um dos países da OCDE onde a despesa pública em educação (medida em % do PIB) é menor. O facto do Estado investir menos em educação, comparado com outros países mais desenvolvidos, é um sinal das suas prioridades em termos de investimento público, e naturalmente que isso pode indicar uma erosão na nossa competitividade a longo prazo. Actualmente as economias mais desenvolvidas concorrem em indústrias baseadas em conhecimento, como a biotecnologia, farmacêutica, software, comunicações, nanotecnologia, etc. Um menor investimento em conhecimento implica necessariamente uma perda de competitividade neste campo, já que outros concorrentes nossos estão a investir mais e com melhores resultados. E é no campo dos resultados que percebemos que a qualidade do nosso ensino deixa muito a desejar.

Os inquéritos de PISA procuram medir a proficiência dos alunos de vários países em relação a três grandes áreas de estudo: leitura, ciências e matemática. Os resultados podem ser facilmente comparados entre países, e países com menores resultados nos testes, indicam menores níveis de proficiência no domínio dessa matéria.

No primeiro gráfico são analisados os níveis de proficiência na leitura. Xangai, Coreia do Sul e Finlândia lideram o ranking. Na nossa amostra, o Brasil surge como o país com piores indicadores (mas não é o pior classificado do mundo, visto estarmos a trabalhar uma pequena amostra de países analisados pelos inquéritos de PISA). Portugal encontra-se à frente de Espanha, Itália e Grécia, mas geralmente é considerado um país com piores resultados do que os seus pares mais desenvolvidos.

No segundo gráfico são analisados os níveis de proficiência nas ciências. Portugal continua à frente de Espanha, Grécia e Itália, mas continua longe dos resultados obtidos pelos líderes do ranking: Xangai, Finlândia e Hong Kong.

O terceiro gráfico analisa os resultados obtidos no domínio da matemática. Aqui, Portugal obtém o pior resultado em relação aos anteriores domínios analisados. Continuamos melhores que Espanha, Itália e Grécia, e os países asiáticos (China, Singapura e Coreia) lideram o ranking.

A análise dos resultados dos inquéritos de PISA deixam-nos duas grandes conclusões: Portugal pertence ao grupo de países com piores resultados. Isso é inequívoco e mostra que o país ainda tem um longo caminho a percorrer em termos da qualidade do seu sistema de ensino. A segunda conclusão é que os países asiáticos estão já hoje a construir as bases para dominar a economia mundial no futuro. A China consegue os melhores resultados nos três rankings por intermédio da avaliação efectuada em Xangai. Resta saber se os resultados são semelhantes no restante país, mas seja como for, a China dá provas de que já tem um dos sistemas de ensino mais competitivos e de qualidade do mundo, capaz de formar os milhões de jovens necessários para competir nas indústrias do conhecimento do amanhã e rivalizar até neste domínio com os países ocidentais.

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