Empreendedorismo em Portugal

Dados oficiais do INE apontam para um aumento em 6,5% do número de pessoas coletivas (empresas) constituídas nos primeiros seis meses deste ano face a igual período do ano passado. Um aumento de assinalar, mas que esconde uma realidade regional bastante assimétrica. Vejamos em pormenor:
  • O número de empresas constituídas nos primeiros seis meses deste ano de 2017 em Portugal foi de 20.834 empresas (+ 6,5% que no ano passado);
  • A área metropolitana de Lisboa lidera a constituição de novas empresas em Portugal, com 37,5% do total e um aumento de 13,6%;
  • A região do Norte, é a segunda região do país com maior número de novas empresas criadas, com 31,8% do total, mas apenas registou um aumento de 0,2%;
  • O Centro é responsável por 15,5% das novas empresas, com 3.227 empresas constituídas em 2017, exatamente o mesmo número que em 2016, portanto mantendo-se o empreendedorismo estagnado;
  • No Alentejo, a variação é positiva e a constituição de novas empresas aumentou 6,2%, representando 5,7% do total nacional;
  • No Algarve, o número de novas empresas constituídas subiu 16,7% e já representa 5,9% do total nacional.
A assimetria regional é de facto assinalável. O Norte e o Centro, embora responsáveis por quase metade da constituição de novas empresas em Portugal, perdem quota para a área metropolitana de Lisboa, que sozinha já vale quase 40% do total de empresas constituídas, e registando uma dinâmica impressionante, com um aumento acima de dois dígitos. Alentejo e Algarve, no acumulado, rondam os 11% do total de constituição de sociedades.

As assimetrias regionais são reveladoras dos problemas de competitividade territorial. Apenas  uma região no continente cresce acima de dois dígitos e o Alentejo, que por exemplo é um terço do território continental, é responsável por apenas 5,7% das novas constituições de empresas, a taxa mais baixa entre as cinco regiões do continente. Numa análise mais fina às assimetrias dentro da região, podemos constatar também que, e face a um total de 1.195 novas sociedades constituídas no Alentejo:
  • A Lezíria do Tejo, com 29,3% das novas constituições, a sub-região com maior peso relativo, apresenta um decréscimo de 5,1% na capacidade de empreender novas sociedades, com 350 empresas constituídas em 2017;
  • O Alto Alentejo, com um peso de 15,1% nas novas constituições, cresceu 15,4% face ao ano anterior;
  • O Alentejo Central, a segunda sub-região com maior peso, com 21,8% no total das novas empresas, regista um aumento de apenas 6,6%;
  • O Alentejo Litoral, responsável por 12,7% das novas constituições de empresas no Alentejo, apresenta um decréscimo de 4,4% nos primeiros seis meses deste ano face a igual período do ano passado;
  • Por fim, o Baixo Alentejo apresenta uma proporção de 21,2% face ao total, e um aumento expressivo de 28,4%, para 253 empresas constituídas.

Fonte: INE, cálculos por Pedro Janeiro


No seio do Alentejo, é preocupante que a sub-região com maior peso na proporção da constituição de novas sociedades seja também aquela que mais lidera as quedas. Por outro lado, o Baixo Alentejo apresenta um movimento ascendente assinalável, com quase mais 30% de novas empresas criadas. Mas também a nível municipal existem casos bastante assimétricos. A título de exemplo:
  • Beja, o município com maior proporção de novas empresas constituídas no Baixo Alentejo, com 49% do total, verificou uma variação de 47,6% face ao ano anterior;
  • Ferreira do Alentejo, com 12,3% do total de novas constituições, evoluiu 106,7% face a 2016;
  • Serpa, com 10,3% de quota nas novas sociedades, vê o número de novas empresas aumentar no seu território em 62,5%;
  • E Ourique, que regista apenas 3,6% das novas constituições, verifica o aumento mais expressivo em 125%.
Alvito, Barrancos, Castro Verde, Cuba e Moura são os concelhos que registam decréscimos, com números de assinalar: -50,0%, -33,3%, -60,0%, -42,9% e -4,5%, respetivamente.

Almodôvar, Mértola ou Vidigueira, por exemplo, registam variações nulas no número de novas sociedades constituídas.

As assimetrias regionais são um sinal claro que muito ainda há a fazer na promoção do empreendedorismo e da competitividade dos territórios e das nossas regiões. É fundamental implementar e desenvolver ecossistemas de inovação e empreendedorismo e colocá-los a funcionar com as condições adequadas, para atingir os resultados pretendidos.

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