Foi em 2008 que o The Boston Consulting Group (BCG), conhecida empresa de consultoria norte-americana, desenvolveu mais um estudo sobre a Gestão da Inovação nas empresas mundiais. O estudo intitulado "Innovation 2008: is the time turning?" colheu as respostas de centenas de executivos das maiores empresas mundiais. E existem conclusões surpreendentes. Para começar o número de executivos satisfeitos com o retorno dos investimentos realizados pela sua empresa nos domínios da Inovação está a diminuir desde 2006. Nesse ano, a percentagem de executivos satisfeitos atingia os 52%, mas em 2007 esse número baixou para 46% e em 2008 apenas para 43%. Ou seja, de 2006 para 2008, o número de inquiridos satisfeitos com o retorno dos investimentos realizados em Inovação reduziu-se em 9 pontos percentuais.
Mais ainda: estes executivos, quando questionados sobre se estavam satisfeitos em relação às métricas utilizadas para avaliar os resultados da política de inovação da sua empresa, 65% dos inquiridos respondeu que não estavam satisfeitos ou que não tinham a certeza se realmente estavam satisfeitos com as métricas utilizadas.
Existe um último dado curioso neste estudo: são os CEO's e os presidentes das empresas os mais satisfeitos com os resultados das políticas de inovação das empresas, e são também estes que segundo o estudo, são responsáveis pelo desenvolvimento pela política de inovação (são os principais sponsors), ao contrário dos directores de R&D e dos marketing managers que são os menos satisfeitos com os resultados.
Será que isto revela um desfasamento em termos de percepção sobre aquilo que se passa nas empresas a nível de condução e avaliação dos resultados das políticas de inovação?
O estudo da BCG mostra-nos também que 68% das empresas consideram que o seu conhecimento profundo sobre os seus clientes é considerado excelente ou acima da média, mas será que as empresas estão a realizar os investimentos adequados? Quando quase 80% dos produtos na Distribuição são apenas responsáveis por cerca de 20% dos resultados (o célebre princípio de Pareto), as empresas talvez não estejam a optimizar os seus resultados em termos de política de gestão da inovação.
Quais serão os motivos? Estarão as empresas a responder eficientemente às flutuações dos mercados? 58% dos inquiridos revela que a capacidade de antecipação das suas empresas acaba por ser insuficiente. Isto pode revelar que o desenvolvimento de novos produtos e serviços pode não resultar nos outputs mais adequados.
São apenas alguns dados. Certo é que a "guerra pela inovação" tem custos, custos que nem muitas empresas podem suportar. Todos os dias chegam ao mercado milhares de novos produtos. Alguns, vivem longos ciclos de vida. Outros, nunca assistem a boas perspectivas. Talvez seja um problema de gestão do marketing-mix, ou talvez sejam simplesmente produtos desenquadrados relativamente à procura. Não deverá a inovação estar centrada na procura? Estamos perante uma análise complexa. Dados futuros virão.
Fonte:
The Boston Consulting Group, "Innovation 2008: Is the tide turning?", Boston, 2008
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