Quantas empresas podem afirmar que realmente beneficiam de um crescimento sustentado? Ou melhor, quantas delas estão efectivamente sustentadas no mercado? Façamos uma analogia simples: imaginemos uma prancha de surf em cima de uma onda. O surfista mantém o equilíbrio porque compreende a onda e segue o seu sentido. Agora concentremo-nos no mercado: o mercado com a chegada da web 2.0 vive uma explosão de informação muito grande. Os consumidores e as empresas estão a transformar-se mais rapidamente do que nunca. Vivemos numa nova economia, uma era marcada pelo conhecimento e pela inovação. Mas se a inovação precisa de conhecimento, e o conhecimento precisa de informação, será que as nossas empresas estão apostadas em gerir a informação de forma estratégica?
Primeiro que tudo, quando falamos em empresas, a quais nos referimos? Bem, não só as grandes empresas, mas à totalidade das empresas no mercado. Não nos podemos esquecer que as SOHO's (Small Office, Home Office) e as SME's representam mais de 95% do tecido empresarial português. E a nossa competitividade está assente nestas empresas. Segundo o INE, em 2007 existiam em Portugal 1.101.681 empresas mas as empresas com até 49 trabalhadores representavam 99,36% do nosso tecido empresarial! Se a nossa competitividade enquanto nação depende, entre outros factores, da "qualidade" do nosso tecido empresarial, quantas destas empresas estarão realmente orientadas para o mercado?
Em Top Secret, um livro de Paulo Cardoso do Amaral, professor na FCEE/UCP, exploramos a necessidade de as empresas gerirem o seu conhecimento sobre o mercado, de forma a poderem construirem vantagens competitivas. Paulo Cardoso do Amaral defende a criação de gabinetes ou divisões de "Serviços de Informações" nas empresas, capazes de monitorar permanentemente o mercado (clientes, concorrência, fornecedores e legislação), assim como para desenvolverem actividades de contra-espionagem, para evitar que as empresas possam ver os seus segredos facilmente acedidos por parte dos seus concorrentes (o autor afirma mesmo que a espionagem industrial e económica é uma realidade com uma dimensão inacreditável no actual contexto de mercado).
Na óptica de Paulo Cardoso do Amaral, esta gestão estratégica das informações deve ser encarada como um elemento fundamental na criação de vantagens competitivas e defende que apenas transformando eficazmente as informações em conhecimento, as empresas poderão ambicionar crescer sustentadamente, pois poderão tomar as suas decisões com base em informações fiáveis e actuais.
Fonte: Amaral, Paulo Cardoso do Amaral, Top Secret: Como Proteger os Segredos da sua Empresa e Vigiar os Seus Concorrentes, Academia do Livro, 2008
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