Fontes de informação para a inovação: uma abordagem do modelo de open innovation

Em 2004, aquando do quarto inquérito comunitário sobre inovação, desenvolvido pelo EUROSTAT e tutelado em Portugal pelo INE, as empresas nacionais apontaram os factores ligados ao conhecimento (falta de informação sobre tecnologia, falta de informação sobre os mercados, falta de pessoal qualificado e dificuldade em encontrar parceiros para cooperação) como sendo os principais obstáculos à inovação (OCES, 2006). Assim, será que as organizações estão conscientes actualmente que a sua falta de conhecimento lhes impede de alcançar a inovação e consequentemente uma fonte de vantagem competitiva? Que estão as organizações a fazer para contrariar tal?

Uma parte central do processo de inovação centra-se em torno da necessidade da procura de novas ideias e parceiros com os quais possam ser desenvolvidos novos produtos e serviços. As empresas, normalmente investem grandes quantidades de tempo, dinheiro e outros recursos em busca de novas inovações. Tradicionalmente as empresas têm-se focado na procura de novas ideias dentro da própria organização e tem havido vários estudos que têm relacionado essas estratégias internas de pesquisa (closed or internal search strategies) com a performance da inovação, embora estudos recentes se comecem a centrar nas open search strategies.

O papel das redes e dos ecossistemas tem ganho relevo nas últimas duas décadas. Os novos modelos de inovação destacam fortemente o papel da interacção principalmente com os lead users, os fornecedores e as universidades assim como outros organismos públicos.

Num mundo global e cada vez mais hipercompetitivo, as empresas procuram diferenciar-se através de novos modelos de inovação. Como exemplo, os modelos de open innovation, onde as empresas procuram trabalhar com fontes externas de conhecimento, sustentam que esta é uma forma das empresas desenvolveram novas vantagens competitivas, principalmente na concepção e desenvolvimento de novos produtos. Este modelo, destaca a tendência para as empresas gastaram cada vez menos em I&D mas compensando o desinvestimento com recurso a fontes externas. Um open innovation model pode ser definido como um paradigma que assume que as empresas podem e devem utilizar tanto as ideias internas como externas, assim como explorar vias internas e externas de acesso ao mercado, para a empresa desenvolver a sua capacidade competitiva. Henry Chesbrough, autor deste modelo, sugere que as empresas que estão demasiado focadas na procura interna por novas ideias, perdem um grande número de oportunidades que podem ser sugeridas e desenvolvidas por um vasto conjunto de agentes externos às empresas. Mas ele também destaca outro problema: está a acentuar-se a erosão da vantagem interna da I&D, pois a mobilidade entre os trabalhadores mais qualificados está a aumentar, o que permite difundir mais rapidamente o conhecimento pelas empresas, sendo por isso cada vez mais difícil para as mesmas controlarem o seu investimento em I&D.

Posto isto, será que as empresas portuguesas estão a recorrer a fontes externas de informação para a inovação?


Referências Bibliográficas:
Chesbrough H. 2003b. The era of open innovation. MIT Sloan Management Review Summer: 35–41.
OCES. 2006. CIS 4, Inquérito Comunitário à Inovação: Quadros-síntese dos resultados. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Lisboa.

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