Os profissionais do Marketing, principalmente ao nível do Marketing Estratégico, têm estado cada vez mais preocupados em descobrir os mercados do futuro, ou pelo menos, como podem explorar novos segmentos de mercado. Ora tanto os novos mercados como os novos segmentos, podem resultar da recombinação e da evolução de pequenos factores que existem já hoje. Esses pequenos factores, indicadores ou sinais podem, no longo prazo, tornar-se suficientemente significativos para formar um novo mercado. Mas como hoje esses pequenos factores são pouco ou nada relevantes do ponto de vista económico, em prospectiva estratégica damos-lhes o nome de Weak Signals, ou Sinais Fracos.
Um Weak Signal é assim algo que existe hoje, mas que ainda não é suficientemente determinante para ser considerado uma tendência ou sequer uma oportunidade de negócio. Um Weak Signal, por exemplo, pode ser uma nova tecnologia, que ainda está a ser testada em laboratório mas que poderá nos próximos anos resultar numa revolução radical e disruptiva no mercado da electrónica de consumo. Por não ser relevante hoje, mas por o poder vir a ser no futuro, é por isso que lhe damos o nome de Sinal Fraco.
A um nível de decisão estratégica nas organizações e nos Governos encontramos os decisores muitas vezes limitados no seu tempo e na sua atenção para com a envolvente externa. Se os Weak Signals demoram tempo a despoletar novas oportunidades de negócio ou verdadeiras ameaças ao negócio actual, já um WildCard pode transformar radicalmente uma indústria ou economia num ápice.
Um WildCard é algo que pode transformar radicalmente as regras do jogo: por norma, tem uma reduzida probabilidade de acontecer, mas se acontecer tem um grande impacto sobre os actuais sistemas em que as organizações e as economias estão assentes. Se para os Weak Signals os gestores de marketing e também os de inovação eram os mais awareness dentro de uma organização, ao nível dos WildCards já encontramos elevados níveis de awareness, especialmente no que toca à elaboração de planos de contingência ou à gestão de crises.
Um WildCard típico numa economia pode ser um terramoto. No início de 2010, um terramoto destruiu a capital do Haiti. Faleceram mais de 200 mil pessoas. Algumas semanas depois, um violento sismo seguido de um tsunami atingiu a costa do Chile. O Governo Chileno, ao contrário do Haitiano, possuía planos de contingência que lhe permitiram actuar rapidamente após a ocorrência do sismo. Embora entre os dois Estados as situações não possam ser comparadas, o importante é ressalvar que um WildCard não tem de ser necessariamente um acontecimento único e altamente imprevisível. Por exemplo, o Chile é abalado todas as décadas, em média, por um sismo de magnitude superior a 6.0 na escala de Richter. O que interessa ressalvar é o impacto grande que isto resulta na economia de um país aliado à grande incerteza aquando do momento da ocorrência.
Resumindo, Weak Signals e WildCards são componentes muito importantes da Prospectiva Estratégica. Muitas vezes, um WildCard pode ser previsto, através do despoletar de inúmeros Weak Signals, mas existem outros casos em que isso não acontece. No entanto, o melhor que um decisor poderá fazer, é preparar a sua organização ou sociedade para se tornar flexível e pronta para agir face a todo e qualquer evento com maior ou menor impacto para a sua sobrevivência. Já sabemos que o segredo para uma estratégia de longo prazo ser bem sucedida, reside na capacidade que esta tem em ser resiliente, isto é, adaptar-se rapidamente aos vários cenários que poderão ocorrer, mesmo aqueles que não estão previstos.
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