Qualquer família tem um orçamento. E qualquer empresa também. Todos estes agentes económicos têm receitas e despesas. E o hábito é que cada um formula as suas despesas face às suas receitas (e não o contrário!). Mas que acontece a uma família e a uma empresa quando querem gastar mais do que aquilo que ganham? Só têm uma solução: pedem emprestado.
O acesso ao crédito permitiu o crescimento artificial na nossa economia nos últimos anos. E não foi só o acesso ao crédito por parte das famílias e das empresas: os próprios Estados tiveram de recorrer ao crédito (mercado de capitais internacional) para se financiarem. Porque a acumulação de défices sucessivos a isso obrigou. Ora quando um agente económico vive acima das suas possibilidades, e tem de pedir emprestado para gastar, normalmente quem empresta quer ganhar um juro que funciona como a sua remuneração por assumir um risco de emprestar a quem precisa. Para além da dívida que tem de ser paga, também será necessário pagar os juros. Mas enquanto uma família se endivida normalmente uma ou duas vezes na sua vida, para pedir um crédito para comprar casa e outro para comprar carro, um Estado chega a endividar-se todos os anos para poder alimentar todos os seus défices!!!
Agora, se um Estado precisa de pedir emprestado para gastar, e se há quem defende que é necessário gastar para crescer, como é que a nossa economia nacional e outras europeias, podem gastar acima das suas possibilidades, anos e anos seguidos, sem que esses gastos se possam traduzir em crescimento económico e em criação de riqueza?
Agora, se um Estado precisa de pedir emprestado para gastar, e se há quem defende que é necessário gastar para crescer, como é que a nossa economia nacional e outras europeias, podem gastar acima das suas possibilidades, anos e anos seguidos, sem que esses gastos se possam traduzir em crescimento económico e em criação de riqueza?
Quero deixar-vos três gráficos para uma análise mais pormenorizada:
Esta informação é compilada pelo site Pordata com base em dados do INE, mas é possível ver nestas três rubricas - investimento em I&D, Despesas em Segurança Social e Despesas em Educação (todas em percentagem do PIB) - que existem várias tendências de assinalar em cada uma delas.
Primeiro, de realçar que as despesas em Segurança Social em percentagem do PIB em 2008, já representavam perto de 16% do PIB português, e principalmente este é um tipo de despesa que não gera riqueza no longo prazo para o país, mas que no entanto não tem parado de aumentar, à custa dos encargos sociais como as pensões. Espera-se que nos próximos anos, esta despesa continue a subir o que será fonte de tensão, porque as receitas irão baixar, devido à quebra de natalidade e ao envelhecimento progressivo da população (menos jovens, menos receitas; mais idosos, mais despesa).
Em segundo lugar, analisando as despesas do Estado em percentagem do PIB com a educação, percebemos que nos últimos oito anos tem ocorrido um desinvestimento com a educação no nosso país. Sendo a educação um dos pilares de desenvolvimento económico de um país, resta saber se esse desinvestimento (ou aumento da racionalização) colocará ou não em causa o output da nossa política de educação (ou seja, jovens mais bem formados, competências e com um renovado sistema de valores). Penso que essa análise qualitativa ainda é impossível de ser realizada.
Em terceiro lugar, em termos de investimento em I&D, já sabemos que a mesma tem aumentado, o que potencia a competitividade da nossa economia. No entanto, até que ponto poderá ser sustentável apostar na I&D face à diminuição com os encargos no Ensino e com o aumento da despesa social?
Portugal e as economias Europeias vivem um período difícil. A política económica seguida está já a ser repensada um pouco por todo o lado. Que deverá fazer Portugal e as outras economias Europeias para que se regresse ao caminho do crescimento económico? Fica a questão.
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