Nos anos 80 e 90 esteve muito em voga a adopção e implementação dos programas de Gestão da Qualidade nas organizações portugueses. A adopção da Total Quality Management (TQM) como alicerce de suporte à competitividade estratégica das organizações passou a ser tema corrente. O foco passou a estar centrado na melhoria contínua dos processos ou do Sistema de Qualidade e no aumento da satisfação do cliente (devido à redução do número de erros na produção, ou do tempo de resposta no atendimento pós-venda, etc). No entanto, a TQM tinha uma limitação óbvia: não nasceu para facilitar a sustentação dos sistemas locais de inovação nas organizações.
Resultado? Com o aumento da rivalidade nas diferentes indústrias, os Gestores começaram a perceber que a TQM não podia ser encarado como o único veículo privilegiado para a criação de valor. Seria necessário algo mais. Hoje em dia, a Gestão da Inovação tornou-se um pré-requisito para a sustentação da competitividade estratégica. As maiores empresas mundiais possuem já sistemas locais de inovação e os chamados innovation scorecards, isto é, um conjunto de métricas capazes de acompanhar diariamente a performance do sistema local de inovação.
Só que enquanto as grandes organizações estão a adoptar estes sistemas locais de inovação, as pequenas organizações (tirando algumas de sectores de ponta como das indústrias com grande componente de I&D) são ainda muito resistentes à adopção destas práticas. Porque para já, acreditam que a inovação é algo que faz sentido apenas nas grandes empresas, organizações com laboratórios e equipas de I&D, onde a inovação de produto requer um grande investimento. Depois, porque acreditam que a inovação não é uma arma que possa ser utilizada para produzir resultados logo no curto prazo.
Estes dogmas não são correctos. Como já vimos, a inovação centra-se em vários aspectos podendo estar ligada aos produtos, serviços, processos, marketing ou organizacional/modelo de negócio. Além do mais, a inovação tem um conjunto de de benefícios indirectos ligados principalmente à força da marca e à motivação dos recursos humanos, algo que é vital para incrementar a competitividade da organização. Mas mais do que compreender os benefícios da inovação é necessário que as organizações tenham a capacidade e a vontade de implementar um sistema local de inovação. Possuir processos, regras, espaços para experimentação low-cost, um budget (por mais reduzido que seja), um internal sponsor ou um gestor de inovação, um ecossistema ou uma rede de parceiros chave são alguns dos pré-requisitos para sustentar a criação de valor. Ora se no passado se acreditou nos benefícios do TQM porque não agora acreditar nos benefícios da inovação estratégica?
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