A crise na OCDE: o colapso das finanças públicas entre 2006 e 2013 (saldos orçamentais em percentagem do PIB)
Há quem diga que a crise começou em 2007, com o rebentar da bolha imobiliária nos EUA, outros apontam o ano de 2008 com a falência do Lehman Brothers. Para que não restem dúvidas, começámos a nossa análise em 2006, e terminamos em 2013, com as projecções da OCDE para os saldos globais orçamentais dos vários países.
Para quem pensa que a crise é apenas na Zona Euro, desengane-se. Japão, Reino Unido e Estados Unidos estão a seguir uma rota totalmente insustentável, acumulando, desde 2006, sucessivos défices no seu saldo orçamental global. E problema é que esses défices, em 2013, serão ainda acima de 6 pontos do PIB. Na zona euro, apenas há um caso semelhante: a Irlanda, já que a OCDE espera que a Grécia atinja um défice de 4,9% do PIB em 2013.
(clique na figura para ver maior)
A comparação utilizando médias pode levar a análises imperfeitas. No entanto, é curioso reparar que os valores médios calculados para toda a Zona Euro mostram uma performance menos negativa que quando comparada com a média dos saldos orçamentais para o conjunto de todos os países da OCDE.
Outra conclusão pertinente é a de que volvidos 8 anos, muito ainda se encontra por corrigir no mundo desenvolvido. Se em 2006:
- 15 países em 31 registavam défices nos seus orçamentos
- Desses 15, apenas 6 registavam défices acima ou igual a 3 pontos percentuais (pp) do seu PIB
- Desses 6, apenas 2 países registavam défices superiores a 5 pp do seu PIB (Grécia e Hungria)
Então em 2013, pelas projecções da OCDE:
- 25 países em 31 registarão défices nos seus orçamentos (mais 10 que em 2006)
- Desses 25, apenas 11 registavam défices acima ou igual a 3 pontos percentuais (pp) do seu PIB
- Desses 11, apenas 4 países registavam défices superiores a 5 pp do seu PIB (Irlanda, Japão, EUA e UK)
A figura apresenta um conjunto de quatro médias temporais, bianuais, para os saldos orçamentais públicos:
- A verde, os saldos nulos ou positivos
- A amarelo, os saldos negativos entre 3 e até 5 pp do PIB
- A vermelho, os saldos negativos de valor igual ou acima a 5 pp do PIB
Para um mundo desenvolvido supostamente em crise, aqui ficam as boas notícias: Coreia do Sul, Noruega, Suíça e Suécia são os únicos países que não registaram médias bianuais negativas.
Fonte: OECD Economic Outlook No. 91, OECD Economic Outlook: Statistics and Projections (database)
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