Analisar a performance financeira de um país apenas do lado da despesa e da receita da Administração Pública é insuficiente. Importa também analisar as contas das empresas e das famílias. Pelo que interessa que as análises económicas não se foquem apenas na dívida pública ou no défice do Estado ou da Administração Pública, mas utilizem indicadores com maior capacidade de agregação, como a balança corrente.
A balança corrente de um país analisa o fluxos de bens, serviços, receitas e transferências correntes entre unidades residentes e não residentes de uma dada economia nacional. Traduzido: a balança corrente é uma das principais métricas de análise da performance financeira de um país. Se apresentar saldo negativo, significa que um país está a ser financiado por poupança externa. Se positivo, significa que o país consegue ser autosuficiente em termos do seu financiamento.
A balaça corrente integra a balança de pagamentos e nela são compilados os dados das balanças:
1) Comercial (que por sua vez já integra os saldos das balanças de bens e de serviços)
2) Rendimentos
3) Transferências
Analisando o que se passa ao ajustamento português, em comparação com outros países (dados Pordata):
Portugal conseguiu um ajustamento notável entre 2009 e 2013. A nossa posição liquída, nos últimos anos, tem sido largamente deficitária, sendo que em 2007 era superior a 10% do PIB, o que é péssimo para uma economia. Mas Portugal conseguiu inverter essa situação, principalmente à custa da diminuição das importações de bens duradouros. É fundamental que se mantenha o caminho do equilíbrio e da sustentabilidade. Neste período, países tradicionalmente tidos como benchmark, como a Alemanha e a Holanda reforçaram a sua robustez económica, melhorando os seus saldos positivos da balança corrente. Espanha e Grécia, tal como a Irlanda, também melhoraram a sua performance e apresentam já excedentes. Esta é uma das principais razões para o regresso da confiança no futuro da zona euro, mas não é a única.
A credibilidade das instituições merecerá a atenção de todos os europeus no futuro próximo. Deverá ser traçado um longo caminho de convergência entre todos os Estados Membros para a criação de um verdadeiro mercado único. A harmonização da legislação, da tributação e das regras de trabalho e de investimento devem ser garantidos. A zona euro a sobreviver, depende da sobrevivência dos seus próprios Estados Membros. A análise da balança corrente é fundamental para perceber de que forma um país consegue ser sustentável. Só assim é possível ter esperança num futuro assente numa maior criação de riqueza, de igualdade, fraternidade e oportunidade entre todos.
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