Um Governo tem duas formas céleres de estimular o crescimento económico: pela política orçamental ou pela política monetária. A primeira, porque o Governo pode decidir onde e como gastar o dinheiro do seu orçamento, com maior ou menor impacto na vida das pessoas. A segunda, porque pode induzir a uma maior circulação da massa monetária, desvalorização da moeda (guerra cambial) e reduzir a taxa de juro a aplicar a novos empréstimos. Mas desde que a zona Euro foi criada, os países do bloco Euro deixaram de ter poder para decidir sobre a política monetária que lhe é mais conveniente.
A zona Euro, ao ser criada, juntou sob a mesma moeda e política monetária países com perfis competitivos completamente distintos: no Luxemburgo, Bélgica ou Holanda, o indíce médio de qualificação das suas populações é alto assim como os salários médios praticados. Em Portugal, isso, não acontece.
Mas se queremos avançar num verdadeiro mercado único europeu, principalmente no bloco Euro, as regras de competição económica devem ser tendencialmente uniformes. Um país com baixos salários será sempre um país de baixa produtividade. Porque o indicador de produtividade é ele próprio um indicador que divide a produção de riqueza pelo número de trabalhadores ou ativos numa dada economia. E um país com baixos salários, será sempre um exportador de mão de obra qualificada para os países com maior poder de compra. Levando ao envelhecimento da população e à não criação das condições estruturais para afirmação económica de um país (pela saída contínua dos ditos "cérebros" e da população ativa jovem capaz de continuar a financiar o sistema da segurança salarial).
É necessário parar este ciclo vicioso. É necessário garantir aos europeus a convergência salarial na Zona Euro. É necessário garantir que os custos laborais são idênticos. É necessário providenciar às empresas uma plataforma de regras comuns em termos de legislação laboral, para acabar com o ciclo vicioso da deslocalização em escala pelo custo. E focá-las na inovação, no marketing e no desenvolvimento de negócio.
Todos os países que estão na Zona Euro devem convergir na sua legislação sobre o trabalho. Se temos a mesma moeda, deveremos ter iguais condições de competição e financiamento. Para que os Governos nacionais se possam focar na produção de legislação mais favorável à concorrência, ao empreendedorismo, à educação, saúde e justiça, entre outros.
Será justo dizer que um Polaco é menos capaz que um Espanhol e por isso deve receber um salário mais baixo? Será justo dizer que um Português é menos produtivo que um Grego e por isso deve receber um salário mais baixo? Uma mais célere convergência salarial na Zona Euro poderia beneficiar amplamente a economia europeia. Restituir poder de compra às famílias é por si só uma medida de promoção da distribuição da riqueza e do fomento da competitividade. Maior poder de compra induz em maior volume de negócios para as empresas, e melhores oportunidades de emprego. Para que a Zona Euro possa crescer, é necessário uma política mais agressiva de crescimento salarial. Esperar que sejam as empresas a resolver o problema de crescimento da economia da Zona Euro apenas pelo aumento das exportações... poderá demorar muitos e muitos anos, e mesmo assim os resultados são incertos.
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